Dia Nacional de Luta Pela Educação Inclusiva – 14 de abril

Educação Inclusiva: Os progressos precisam continuar

Era o ano de 2004 quando Cris Correia deu à luz ao seu filho José, que nasceu com Síndrome de Peters Plus (que é rara, reduz a visão e pode ser associada também a deficiência intelectual, alteração óssea, nanismo, entre outras características) e Autismo.

Naquele mesmo ano, o Sistema Conselhos de Psicologia instituiu o Dia Nacional de Luta Pela Educação Inclusiva. Sem que Cris conhecesse quem lutou por essa data, suas histórias seriam cruzadas em uma longa jornada em busca de inclusão dentro das escolas.

Ao receber a notícia que o seu filho tinha as deficiências mencionadas, Cris passou um período de não ter uma reação clara com a notícia. “Não chorei. Só queria pegar meu filho nos meus braços, entendi que tudo na vida tem um porquê e que somos escolhidas sim. O bem-estar dele dependia das minhas ações. Não parei um dia sequer. Passei horas e horas em fila de hospitais para entender o que ele tinha”. Depois, o tempo foi contribuindo para que a mãe compreendesse as características especiais do filho e o criasse com muito amor, carinho e dedicação.

O ingresso de José à escola

Dois anos depois do nascimento de José, Cris tentou matriculá-lo em uma escola particular, que não o aceitou. Recorreu a uma segunda opção também paga, e não conseguiu uma vaga para o filho. “Acho que foi a maior frustração e a maior dor que senti. Você querer o melhor para o seu filho e ele ser rejeitado! Na ocasião fiquei tão estarrecida e chocada que não tive reação”.

A saída foi levá-lo para uma escola pública, que o recebeu do 1º ao 9º ano. Atualmente, José cursa o 1º ano do Ensino Médio em outra escola. “Ele foi muito bem aceito pelos professores e colegas. Foi difícil a adaptação para todas as partes, mas ninguém desistiu dele. Jose lê e escreve muito bem, mas precisa de ajuda de um auxiliar em sala para ajudar compreender a matéria dada em aula”.

A dificuldade que ela enfrentou ainda é a realidade de muitos pais que têm filhos com algum tipo de deficiência, tanto que foi necessário a criação da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, para garantir que haja mais investimentos em Educação Inclusiva nas escolas, entre elas está o que diz o anexo “Metas e Estratégias” em 4.9: “Fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do acesso à escola e ao atendimento educacional especializado, bem como da permanência e do desenvolvimento escolar dos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, beneficiários (as) de programas de transferência de renda, juntamente com o combate às situações de discriminação, preconceito e violência, com vistas ao estabelecimento de condições adequadas para o sucesso educacional, em colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, à adolescência e à juventude”.

A lei tem com o intuito garantir as metas e estratégias adequadas dentro de uma agenda de políticas educacionais que deve ser cumprida até 2024.

O convívio com a família

Não somente a Lei, mas também os próprios familiares têm suma importância no desenvolvimento da pessoa com deficiência, bem como com o incentivo a sua autonomia em diversas situações dentro e fora do espaço escolar.

Cris nos conta que “José sempre foi muito bem aceito pelos familiares, pois ele é muito comunicativo e carinhoso, não tem como não gostar dele. Todos já conhecem o jeito dele, apesar dele ser muito repetitivo em determinados temas e assuntos que gosta, com cada um tem um assunto específico, o que fala com um primo não fala com o outro. Ele acha um assunto que represente esse contato entre eles e estabelece esse mesmo diálogo sempre que os encontra, é assim na escola também”.

No começo, a avó do menino o superprotegia, mas Cris demonstrou o quanto era importante dar a ele a liberdade necessária para tomar decisões e entender exatamente o que era certo para distinguir do que era errado a se fazer como toda criança em desenvolvimento.

José tem acompanhamento médico desde o primeiro mês de vida e segue com tratamentos que envolvem musicoterapia, psicopedagogo, psiquiatra e psicólogo. Ela aconselha que “os pais precisam ficar alerta e atentos sobre como o filho é tratado na escola. Jamais aceitar a exclusão em sala, atividades e convívio social. Marcar reuniões periódicas com a pedagoga ou diretores, e também passar para a escola se existe alguma coisa mais pessoal do aluno como: alimentação, comportamento, entre outros”.

16 anos depois da criação do Dia Nacional de Luta Pela Educação Inclusiva, exatamente a mesma idade de José, Cris registra o seu recado: “Que profissionais da educação e pais estejam cada vez mais unidos e dedicados para que todos os alunos estejam inseridos igualmente nas escolas e atividades esportivas e complementares. Pessoas com deficiência querem compartilhar as mesmas alegrias e batalhas igual seus amigos. É questão de passar a mensagem do jeito que eles compreendam”.

Por Rosiana Alda