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Dia do Pedagogo – 20 de maio
Confira a entrevista que fizemos com Veronica Narciso Legentil, Pedagoga com especialização em Pedagogia Empresarial, com mais de 15 anos de experiência em Recursos Humanos. Também é palestrante, conferencista, integrante em fóruns e mesas de debates sobre o tema inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Há quanto tempo você é pedagoga?
R: 9 anos.
Por que escolheu a área Organizacional?
R: Acredito ser a educação formal não apenas fundamental em ambientes escolares/acadêmicos. O saber, o aprendizado é o motor que nos move em direção ao conhecimento, e no meio corporativo faz-se imperioso que as relações interpessoais, a interpretação do outro como agente importante no compartilhamento de experiências e construção ou aprimoramento de nossas características enquanto seres humanos e partilhadores de saberes tanto na área pessoal quanto profissional não pode acontecer distanciado da educação corporativa. E sempre acreditei que as relações interpessoais saudáveis tornam o ambiente de trabalho mais prazeroso e consequentemente mais produtivo. Por este motivo optei por me especializar em Pedagogia Empresarial.
Em quais áreas um pedagogo pode atuar nas empresas?
R: Basicamente na área de Recursos Humanos (RH), por meio de treinamentos, elaboração de currículo para universidade corporativa. Entretanto, uma área muito interessante para a atuação do pedagogo é a DIVERSIDADE, tendo em vista ser ele um agente facilitador no processo de compreensão do convívio com o diferente, por meio de sua expertise, didática e saberes inerentes ao pedagogo no desempenho de suas atribuições.
Antes da COVID-19, como era a sua rotina profissional? E o que mudou com a quarentena?
R: Trabalhava home office na maior parte do tempo, acontecendo meu deslocamento para participação em eventos presenciais. Com a quarentena, e consequente isolamento social, tenho me dedicado a fazer cursos on-line, a leitura.
No Brasil, ainda há muitas escolas e empresas que não conseguem adequar o conteúdo às necessidades de crianças e profissionais com deficiência. Como os pedagogos podem ajudar?
R: A exclusão da pessoa com deficiência faz parte de nossa história, não é algo novo. Não é possível falar em adequar conteúdos educacionais e técnicos se não houver profissionais capacitados para isso. A melhor ferramenta tecnológica não irá cumprir sua função, se o profissional não souber manuseá-la, e mais importante, se o conteúdo não for elaborado, se o professor não conhecer a realidade de seu aluno, esteja ele nas escolas, universidades ou empresas. Cabe ao pedagogo ser, mais uma vez, o facilitador na capacitação ou direcionamento daqueles que irão trabalhar com pessoas com deficiência. Lembrando sempre que pessoas com deficiência são indivíduos e que, portanto, um determinado tipo de deficiência pode ter sequelas distintas nessas pessoas, ou seja, algo que atenda uma pessoa com deficiência não necessariamente terá o mesmo sucesso com um outro indivíduo com o mesmo tipo de deficiência. Portanto, o conhecimento, a abordagem, a ajuda oferecida deverá primeiramente estar vinculada ao que se sabe sobre a pessoa ou pessoas a serem alcançadas por determinada metodologia didático-pedagógica.
Quais dicas poderia compartilhar para que os profissionais com deficiência possam trabalhar em casa?
R: Com a tecnologia avançada e a nossa disposição muitas tarefas executadas hoje presencialmente, podem, sim, ser realizadas remotamente, como controle e alimentação de dados em planilhas, agendamentos de reuniões, solicitações de compras, contato com clientes, até mesmo realização de reuniões, tudo isso sendo feito via e-mail, telefone, aplicativos. Claro que também acho muito importante o contato presencial, isso ajuda muito no relacionamento da equipe. Podendo ser agendado encontros quinzenais na empresa.
Considera que tivemos avanços na educação inclusiva? O que ainda pode ser melhorado?
R: Sim, claro. Principalmente se pensarmos que antes de chegarmos às medidas educacionais, faz-se necessário as adequações arquitetônicas, nos mobiliários, nos transportes coletivos, garantindo assim que a pessoa com deficiência possa se locomover com segurança de sua casa à escola, universidade etc. Cientes disso, hoje podemos mencionar que dispomos de diversos programas de computador (alguns gratuitos) que são ferramentas importantíssimas que garantem ao público cego, por exemplo, sua autonomia para desempenhar suas tarefas laborais. Entretanto, quero ressaltar que, mesmo com as melhores iniciativas e criação de novos equipamentos visando uma melhor educação inclusiva. Para que a pessoa com deficiência conquiste seu espaço, sua formação profissional, sua carreira, é preciso investir em educação corporativa para a desconstrução de uma cultura do assistencialismo, da barreira atitudinal que ainda é muito forte, impedindo assim que profissionais com deficiência sejam vistos como pessoas altamente capazes, extremamente produtivas. E neste processo a figura do pedagogo é primordial no ambiente empresarial.
Quais desafios você enfrenta como pedagoga?
R: A resistência de gestores em contratar pessoas com deficiência, a falta de plano de carreira para colaboradores com deficiência.
Qual recado deseja passar a quem sonha ser pedagogo?
R: Nunca desistam. Não é fácil, o profissional de pedagogia ainda é visto como alguém capaz de trabalhar somente em ambientes acadêmicos. Mas não é verdade, as empresas precisam deste profissional, e algumas por desenvolverem universidades corporativas veem no pedagogo, alguém capaz de suprir as necessidades que ela apresenta. Uma dica muito importante busquem sempre aprimoramento. Existem muitos cursos, hoje em dia o EaD é uma maravilhosa realidade, principalmente para as pessoas com deficiência com dificuldades de locomoção devido a falta de acessibilidade nas vias e transportes públicos. Portanto, não há mais motivos para não nos qualificarmos. O mercado de trabalho está repleto de bons profissionais, portanto, precisamos ter algo a mais, precisamos ser excelentes e principalmente ser apaixonados pelo que fazemos, e assim, você não terá somente um trabalho, um meio de sustento, mas sim, uma realização como pessoa e como profissional.