Dia do Jornalista – 07 de abril

Neste Dia do Jornalista, Filipe Chaves Oliveira conversou com a Innovare Inclusiva sobre sua carreira, lei de cotas e os sonhos que deseja realizar em breve.

Aos 8 anos de idade, o paulistano foi diagnosticado com deficiência visual em decorrência da Retinose Pigmentar, que degenera a retina e que ainda não tem cura. Nessa época, ele sentia um pouco de dificuldade para jogar bola, brincadeira comum para essa faixa etária.

Entre os anos de 2007 e 2010, Filipe estudou música pela Faculdade Santa Marcelina, mas no último período do curso, começou a enxergar cada vez menos, o que dificultava a leitura das partituras e o fez tomar a decisão de mudar de carreira e tentar na área do jornalismo. Inicialmente, a ideia era escrever sobre música. Em 2011, ele fez a prova da 52ª Turma de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha de S. Paulo e passou. De lá para cá, Filipe empenha-se em construir sua carreira nessa área. Para o grupo, ele já escreveu sobre empreendedorismo, carreiras, pequenas e médias empresas.

Há seis meses, ele escreve notas factuais (acontecimentos do dia) para uma das editorias do jornal em suas versões impressa e online. Em decorrência da pandemia do Covid-19, atualmente, o profissional realiza seus trabalhos em casa, onde divide espaço com os pais e o irmão, que também cumprem o isolamento social.

Apesar de sua carreira como jornalista não ter dependido da Lei de Cotas, Filipe acredita que “tem que ter uma conscientização, de que é uma responsabilidade da empresa treinar as pessoas. Ela não vai encontrar todo mundo pronto para começar a trabalhar no dia seguinte”, enfatiza. 

A fundadora da Innovare Inclusiva Roberta Marco Rodrigues, especialista em atração e seleção reafirma “nenhum profissional está pronto, independente de ter ou não deficiência, precisa de treinamento, feedback, leva um tempo para se adaptar a nova empresa e colegas de trabalho, é natural.”

Ele relembra alguns episódios que marcou sua trajetória profissional como o início em que era mais reservado e não conseguia esclarecer dúvidas com os colegas de trabalho. “Talvez, eu tivesse mais dificuldade de pedir ajudar, no começo, que hoje porque eu tinha aquilo de querer provar que dava conta de fazer isso ou aquilo, de estar aqui porque consigo”. Essa necessidade, explica que também tinha a ver com o fato dele ter vindo de outra área e ter deficiência. Queria mostrar que estava ali por competência.

Atualmente, a relação com os colegas de profissão é muito mais aberta e descontraída. Para ele não houve dificuldade de adaptação, pois a Folha de S. Paulo oferece todo o suporte necessário para que ele possa trabalhar.

Um dos momentos que mais marcou a carreira no grupo foi quando viajou sozinho para o sul do Brasil para realizar o mapeamento de inovações em empresas de Florianópolis e Joinville. “Cresci muito com isso e acredito que essa convivência e quebra de barreiras diárias são, de alguma forma, importantes para o aprendizado de meus colegas e minhas fontes.”

Para o futuro, o jornalista deseja manter a música em sua vida, escrever mais sobre inclusão, pessoas com deficiência e reativar o blog que tinha. Como mensagem para empresas que ainda não investem em diversidade em seu quadro de colaboradores, Oliveira ressalta que: “busquem deixar ideias preconcebidas sobre o que pessoas com deficiência podem ou não fazer. Acredito que na Folha, minha carreira deu certo porque foram ousados e corajosos o suficiente para confiar em mim mesmo com as limitações que tenho”.

Foto: Giovanna Mel

Por Rosiana Alda